Nesta quinta-feira, 23, é comemorado o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, profissão que abraço há 30 anos e que convivo no dia a dia, na execução de obras públicas pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE).
A data é de comemoração, mas principalmente, de reflexão, com o objetivo final de fortalecer e ampliar os espaços conquistados pelas mulheres na profissão, antes majoritariamente ocupada por homens. A data foi criada com esse propósito, pela Women's Engineering Society (WES), do Reino Unido.
A WES foi fundada logo após a Primeira Guerra Mundial, em 1919, quando as mulheres que atuaram de forma pioneira em funções técnicas e de engenharia durante o período, fizeram campanha para manter essas funções. Desde então, a entidade se dedica a inspirar e apoiar as mulheres que ingressam na engenharia e a ajudar na construção de uma comunidade diversificada dentro da profissão.
No Brasil, a primeira mulher a se formar na profissão foi Edwiges Maria Becker Hom'meil, em 1917, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 200 anos depois do surgimento das primeiras escolas de engenharia no mundo. Em 1945, Enedina Alves Marques se destaca como a primeira mulher negra a se tornar engenheira no país. Formada em engenharia civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), ela participou da construção da maior hidrelétrica subterrânea do sul do país, a usina Capivari-Cachoeira.
De lá pra cá, a participação feminina na engenharia vem crescendo ano a ano, no Brasil, mas ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a equidade de gênero, um dos propósitos da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Vejamos os números.
Dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) mostram que entre 2016 e 2018, o número de registro anual de mulheres, na instituição, cresceu 42%. Mas elas ainda representavam apenas 19,28% dos 1.031.356 engenheiros cadastrados na entidade, até o final de 2021.
O último censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aponta serem do sexo feminino somente 37,3% dos formandos em cursos de graduação de engenharia, produção e construção no Brasil.
Já os números do último censo da Educação Superior do Ministério da Educação, de 2018, mostram que em algumas áreas da engenharia as mulheres já são maioria em sala de aula, como nas de alimentos, bioprocessos, e tecnologia, têxtil, química e recursos hídricos e de meio ambiente. Nas engenharias civil, mecânica e elétrica, a participação masculina é maior, embora se perceba o crescimento contínuo no número de mulheres.
Na graduação e no mercado de trabalho houve uma evolução, mas é preciso avançar ainda mais, incentivando e criando mecanismos para que as mulheres possam exercer as suas profissões plenamente no mercado de trabalho, de forma igualitária em oportunidades e em termos salariais. A mensagem cabe não somente neste Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, mas para ser compartilhada sempre e vale para todas as profissões.
Minhas homenagens às engenheiras do nosso estado e país e às profissionais competentes e guerreiras da UGPE, com as quais tenho a honra de estar lado a lado dividindo experiência, aprendendo e sonhando junto.
O autor é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão que gerencia as obras do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus e Interior (Prosamin).